Cento e vinte e seis créditos depois,
relembro a minha
decisão de voltar, finalmente, a estudar…
Foi num dia triste, afinal, que decidi recomeçar o que
nunca quis parar. Triste, porque saí de uma reunião de trabalho que reforçou
a desconexão desse emprego que me suga(va) toda a energia, roubando família,
saúde, hipóteses de sorrisos – sem que toda a minha capacidade produtiva fosse
aproveitada, por falta de organização, como em tantos empregos – e, a meio do
caminho de volta a casa, dei a volta, literalmente, e segui para outra rua.
Inscrevi-me na hipótese possível de completar o 12.º ano – com o tempo e
os meios que tinha. Não foi fácil! Foi trabalho duro. Até hoje mantenho a
consciência de que só foi possível porque não revelei esse projeto a ninguém e,
assim, pude escapar ao acréscimo de problemas com que depois me presentearam.
Logo depois, tomei a feliz decisão (estavam encerradas
as candidaturas para licenciaturas e eu não percebia nada de 2.ªs
épocas de acesso…) de me inscrever no CQES. De seguida, iniciei a Licenciatura em Educação.
A Licenciatura foi uma surpresa… Se era exatamente o
que eu queria fazer/estudar, revelou-se muito mais do que eu sabia haver.
·
As matérias são pertinentes, interessantes, e as abordagens vão muito além
do que eu pensava.
·
O ensino online permite aquela personalização que pode satisfazer cada um.
· E as notas, essas, não são mesmo o mais importante, pois, nessa adaptação à
nossa realidade e ao nosso interesse, podemos até nem valorizar o mesmo que os
docentes.
É verdade que, para além das exigências de estudo das
matérias, de produção de trabalhos, o maior peso
que senti foi o d’a última palavra dos Lusíadas…(**) Sim, parece impossível, desumano, contranatura, mas, para além do inserir
de mais tarefas no nosso dia, quase sempre já tão preenchido, uma ocorrência – que
vejo estendida a muitos colegas, nos locais de trabalho – é o surgir de
exigências novas, bocas da reação e piadas jocosas e depreciativas da nossa
vida académica!
Há, por um lado, a ignorância sobre o ensino online e, por outro, essa terrível mania
de que “vais estudar para subires na carreira” para passares à frente
dos outros… - Muitas vezes, ao invés de analisarmos a formação dos cidadãos
como uma mais-valia, são aqueles que decidem/chefiam, e deveriam ser mais bem
formados, que criam dificuldades deliberadas, ainda que tiremos o mínimo de
dias, para provas.
Mas, ainda que não haja semestres descansados – e
surjam sempre imprevistos que nos desestabilizam o estudo – aprendida a primeira
lição, tudo se faz. E qual é essa lição? – As coisas podem não correr como
ambicionávamos, as notas podem ser mais baixas, podemos ter de repetir UC por
ser impossível realizar provas por impedimentos pessoais ou profissionais; mas,
sejam quais forem os ajustes que tenhamos de fazer ao longo do percurso, a meta
está lá, e vamos alcançá-la!
E o colaborativismo é o nosso trunfo! Vivemos num
tempo de multiplicidade de meios, que nos dão caminhos e aprendizagens diferentes,
e as muitas perspetivas dos que connosco estudam engrandecem o percurso de
todos!
E é mesmo aí que podemos fazer a diferença, como
estudantes e como pessoas – podemos deixar hábitos incorretos tão estupidamente
repetidos e, ao invés de perdermos tempo e energia a invejar, depreciar,
prejudicar o próximo – podemos apostar na melhor formação e melhor desempenho
(também) dos colegas da licenciatura e fazer todo o possível por estender essa prática
a todos os espaços em que nos movemos.
Parece estúpido?
Não, estúpido é perpetuar comportamentos que tornam o
nosso país mais pobre, menos sábio e fazem, até, regredir a humanidade!
Quando iniciei este texto, não pretendia fazer um
discurso pró-Humanidade, mas, apenas, tentar dizer aos colegas que esta nossa
parte-de-vida é possível! Que podemos estudar, porque o direito à educação é
universal e não se restringe a uma educação inicial – mantém-se durante toda a
vida!
Aprender é viver, e só merece a pena viver se
aprendermos sempre!
**ps: a todos
os que, deliberadamente, tentaram e tentam dinamitar o meu percurso académico,
desejo que consigam, um dia, ser humanos, viver para o progresso e não
consumidos por essa corrosiva inveja de quem tem uma vida tão mísera que só
gasta o seu tempo a lixar o próximo…
por esse medo de que alguém seja melhor que vós e vos destrone - como se todos
tivessem, atrás dos olhos, o que vocês veem pela manhã no espelho…
Sabem… Eu
sempre me senti feliz a ensinar tudo o que sei, a ajudar todos os que posso a
serem melhores pessoas, a contribuir para o progresso da humanidade (que somos
todos nós).